Por Sara Inae dos Santos Ribeiro*
Dom Casmurro é de autoria
de Joaquim Maria Machado de Assis. Importante obra da literatura brasileira, o
livro é composto por capítulos curtos acompanhados por títulos sugestivos que
se explicam com a leitura. Dessa forma, é importante realizar uma apreciação
geral da obra abordando aspectos para posteriores discussões. Para manter o
romance mais próximo da realidade, o narrador cria rompimentos com a história
linear, e Bentinho no decorrer da narrativa, lembra de pequenas histórias
paralelas, quebrando o ritmo, dando um aspecto quebradiço a obra. Fica
claramente a impressão de que a história realmente foi contada por alguém, já
que isso é muito comum quando uma história é narrada a alguém, pois um fato faz
lembrar-se de outro, que lembra outro, e assim por diante. Dom Casmurro
apresenta as memórias corroídas de Bento, o personagem narrador, cujo título é
explicado no capítulo I.
No decorrer da narrativa,
Bentinho lembra fatos de seu passado, da infância e todas as etapas até chegar
ao seminário. Fato esse justificado no
Capítulo XI / A Promessa já que aos quinze anos é acometido a ir para o
seminário, a fim de tornar-se padre, como queria por promessa sua mãe, que a
fez após uma complicação na gravidez. Por outro lado, ele tinha a convicção de
que a sua vocação não era se tornar um clérigo. Completando essa certeza,
nutria uma paixão por Capitolina, sua vizinha, então com quatorze anos, com
quem passou toda a infância. Além disso, Capitu e Bentinho eram muito amigos e
ambos se queriam por perto. Bentinho caiu em si, mas foi com o seu primeiro
beijo que teve a total confirmação.
Surge então um embaraço
psicológico em Bentinho, ele não queria ir para o seminário, mas se recusasse a
vontade da mãe, temia que ela se desesperasse, devido à promessa realizada.
Mesmo assim, Capitu e Bento fizeram um juramento que iriam se casar,
independente do que houvesse de acontecer. Mesmo com todos os esforços, a ida
era certa, e assim partiu Bentinho para o Seminário. Foi neste cenário que ele
percebe que não foi tão mal assim sua estadia lá, uma vez que conhece seu
melhor amigo, Escobar, também seminarista.
Já no seminário, a amizade
entre Bento e Escobar aumentava cada dia mais, inclusive com trocas de segredos
e visitas a sua casa, nos dias de folga. Surgiu então dele, a idéia que
remendaria a situação, D. Glória daria ao seminário, um filho adotivo, para que
fosse este padre. Aceitada a proposta pela mãe, Bentinho deixou o seminário. E
assim feito, foi então estudar Direito em São Paulo, formou-se então no Dr.
Bento Santiago e logo após, contraiu matrimonio com Capitu, assim como fizera
em promessa. Mesmo assim, continuou intensamente sua amizade com Escobar, agora
um sucedido comerciante. Bento e Capitu, mesmo felizes, desejavam ter um filho,
e embora demorando a chegar, nasce Ezequiel, nome dado em homenagem ao amigo
Escobar. Com um salto no tempo, anos depois, em uma tragédia, Escobar morre
afogando-se no mar. Durante o enterro, Bento observa algo que lhe deixou
pensativo: a forma com que Capitu olha o falecido ao caixão. E surge uma dúvida
que nunca mais esquecerá: Será que ela
gostava de Escobar?
A partir disso, Bento
começa a notar que seu filho Ezequiel tem traços de Escobar e, a medida que
crescia, a semelhança aumentava. Ele até planeja se matar e ao filho, mas acaba
por tomar outra solução, e a historia se desenlaça ao mandar Capitu e o filho
para a Europa. A comunicação passa a ser somente via cartas, de modo secamente.
Anos depois, morre Capitu e Ezequiel vem ao Brasil. Já moço é o perfeito
Escobar, com poucas diferenças relevantes. Daí ele vai ao Egito com amigos e
acaba por morrer de febre. E o livro chega então ao fim, com o Sr. Bento,
velho, solitário, e rabugento, em outras palavras, um verdadeiro Dom Casmurro.
Assim, analisando os
personagens mais importantes do romance, percebemos que há uma grande análise
psicológica de cada um deles, principalmente de Bentinho e daqueles que mais
exercem influência sobre ele. Podemos notar que Machado dá uma grande ênfase
aos olhos, como sendo o espelho da alma. Este é o porquê da definição de José
Dias sobre Capitu.
Bentinho acaba tendo uma
conversa franca com o leitor, e se intromete em vários pontos da história para
emitir sua opinião ou fazer uma observação. Além disso, ele deixa claro como
ele se sente em cada momento, suas alegrias, suas diversões, seus medos, suas
angústias, tudo isso é transmitido ao leitor a cada passagem do livro. Além
disso, ele não tem certeza de tudo o que ocorre ao seu redor, muita coisa é
deixada no ar, propositadamente subtendidas. As emoções que ocorrem com outros
personagens muitas vezes são um mistério e acabam passando despercebidas.
Também existem os fatos
que cercam Capitu, que durante sua infância mostra ser visivelmente mais pobre
que Bentinho. Será que sua luta por não deixar Bentinho era por amor ou por
dinheiro? Capitu traiu Bento, ou ele fantasiara tudo isso em sua crise de
ciúme? Estas e as outras perguntas não são resolvidas no fim da história e
muitas vezes causam polêmica até hoje.
Dom Casmurro é bastante
verossímil, já que apresenta a sociedade brasileira do século XIX e seus
costumes. Mostra o amor, através dos olhos de um adolescente, mostra o jogo de
interesses no cumprimento de promessas, os interesses sociais que cercam a vida
eclesiástica. Dom Casmurro, um excelente livro, elegante e ao mesmo tempo de
prazerosa leitura, que nos envolve do começo ao fim, incumbindo o leitor de
tirar suas próprias conclusões, no melhor estilo machadiano.
*Sara é professora da rede
estadual de ensino do Estado do Paraná, graduada em Letras pela Universidade
Estadual de Maringá-UEM e pós-graduada em Educação à distância e em Tecnologia
Educacional pelo e especialista em Língua Portuguesa pelo ESAP.
Referências
Livro Dom
Casmurro:
Oi, Sara! Eu amo muito este romance. O genial Machado de Assis nos deixou esta polêmica obra para que passássemos muitos anos,talvez séculos, discutindo quem realmente é a vítima: Bentinho ou Capitú. Eu, particularmente, gosto de pensar que Capitú era totalmente inocente e foi vítima dos ciúmes doentio que distocia todos os fato. Muito boa a sua resenha.
ResponderExcluirObra literária é isso...Suscita muitas discussões ao longo dos anos...
ExcluirOi Sara. Parabéns pela resenha. Esta obra clássica que nos deixa sempre em dúvida. Capitu era ou não era inocente? Acredito que cada leitor possa fazer uma leitura diferente. Machado é Machado...
ResponderExcluirOlá, alunos do Tania Varella.
ResponderExcluirMeu nome é Geovana,estudo no colegio tania varella ferreira
Eu gosto muito dos animais, penso até em ser veterinaria quando crescer.
Eu adoro cachorros. Quando eu tiver minha própria casa vou tirar todos os
cachorros da rua e cuidar de todos.Não sei como alguém consegue maltratar
esses animais taõ dóceis.
Então é só, abraços
Geovana 7 ano C
aprendi muito sobre resenha critica mas não consigo produzir uma
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